A morte de Michael Jackson ampliou o terreno para as imbecilidades. Segue abaixo artigo de James Cimino da FSP e meu comentário, que ainda vai passar pelo crivo do "serviço de moderação" do site. A foto montagem acima simula como seria Micahel aos 50, se não tivesse modificado artificialmente sua aparência.
25/06/2009 - 22h37
Comentário: Michael Jackson era o monstro dançarino de "Thriller" JAMES CIMINO
da Folha de S.Paulo
Era a época em que eu ainda tinha medo de filmes de terror. Não existia a MTV no Brasil e o único meio de ver videoclipes era o "Fantástico". Naquele domingo de 1983 foi exibido "Thriller", o videoclipe mais caro do mundo, que serviria para levar ao topo das paradas o álbum que seria o mais vendido da história da música. Eu olhava para a barriga da minha mãe tentando imaginar como seria meu irmãozinho. De repente, aquela figura ambígua surgiu na tela da TV. Dançando e rebolando entre monstros e diluindo em minha cabeça as fronteiras entre o masculino e feminino. Fiquei vidrado.
Até então, para mim, homem de cabelo comprido só Jesus Cristo. Rebolado era coisa de mulher e monstros nada tinham a ver com música. Mas Michael Jackson misturou tudo isso e fez uma música de terror, um 'thriller musical', sei lá... Naquela noite fui dormir com minha mãe de tanto medo... Quando, mais tarde, ele lançou "Dangerous", meu irmão, que na época em que "Thriller" foi lançado estava na barriga, repetiu a cena que protagonizei. Ficou vidrado em frente à TV vendo "Black or White", a música auto-indulgente de Jackson que na década de 1990 tentava justificar todo o processo de mudança de cor de sua pele, no mesmo "Fantástico".
À medida em que eu crescia, Michael embranquecia e se tornava tão repulsivo visualmente quanto os monstros de seu sucesso mais famoso. Ao mesmo tempo em que o hedonismo premeditado de Madonna me ajudava a afirmar minha sexualidade, Michael Jackson se esmerava em se transformar em uma criatura desconstruída. Eu me afirmava e ele se negava. Não suportava ver aquilo. Me perguntava por que ele não assumia o que era? Hoje, quando via Twitter anunciavam sua morte, fui entender. Ele, a cada plástica, estava afinal assumindo o que era: um monstro dançarino saído de um videoclipe. De certa forma, "Thriller" era o anúncio de sua fantasia. Morreu com ele um pedaço da minha infância."
Meu comentário:
Equívoco ou desonestidade intelectual. Ou as duas coisas. Meu caro Cimino, você é um despreparado. Jamais poderia ter espaço para comentar num jornal influente como a FSP. Michael Jackson, fica claro para todos, viveu o drama de um garoto violentado, num sentido amplo, pelo pai, e, mais tarde, pela indústria do entretenimento. "Cabelo comprido, só Jesus Crsito"??? Em que época você nasceu? Ou você ficou numa redoma ou numa igreja, mas ali certamente também poderia aparecer alguém de cabelos compridos.
É verdade que a aparência de Michael foi ficando desfigurada, refletindo mesmo o passo de uma sociedade mutante, mas isso decorreu de falta de estrutura psíquica dele para lidar com uma máquina avassaladora, da qual fazem parte pessoas como Cimino, que se juntam a outras para linchamentos. Ao contrário do que quer fazer crer o articulista da FSP, Michael não era um monstro. Mas eu não deixaria meu filho ver um programa de TV em que aparecesse James Cimino.
"Ele será publicado assim que passar pelo nosso sistema de moderação".